''Todas as horas ferem, até que a última põe um fim...''

terça-feira, 26 de abril de 2011

De uma incontável brevidade.

Como te sentir como um peso sem tempo - uma sensação densa e dona de toda a pele, e profundidade, órgãos, pulsar, vitalidade. De um infinito harmonizado com o consentimento de estar mudo - e se entregar mais do que reduzir a palavra: sentir ela e se fazer pleno. O intrínseco tatuado com os suspiros que lapidam o interior dos pulmões. A pálpebra que calcula em cor o tempo dos teus pensamentos. O timbre nos fios de cabelo; a imaginação correndo como um desejo antigo, e mais nobre do que o próprio tempo pode imaginar.
Um despertar que não morre em pleno sereno, e desperta o mundo numa metáfora, como se abrir os poros fosse modo de dizer. Ranger o assoalho da casa e deduzir o vento de um cenário. Dispender do tempo que faz tempo que se sabe não voltar tanto à aqui, mas sabe o que é permanecer.
E já não tem medo de assumir, depois que se respira a distância entre frágeis (a)braços. A ausência é uma certeza que inclina o mundo que vai mudar tudo num dia só. Num crepúsculo doce, de lembranças de tanto mais; como fina inspiração de pele mais iluminada com o lustre do horizonte rabiscado em seus próprios olhos.
E todos os espelhos se tornam sagrados quando os contornos são de dentro pra fora, e cada momento e luz e fagulha de pessoas e poesia; como em você que faz, numa lágrima que antevê, e o que se diz - até num mudo triz.