falta.
e dói
A violência da carne-viva é uma truculência que não se suporta com a palavra, apenas. Ela se escorre da essência, mancha os olhos, cria uma tinta efêmera do que em dias fica só como lembraça - mas se esgueira dos braços agora, repuxa os tons, os tomos e tudo o que se tenta. Já estavam num rumo cego: eram veias se precipitando, pingando o sangue devagar num fluxo que esbarra com a ferrugem do dia; uma margem estranha referindo o denso, espesso, avesso.
Tudo o que se fala não adianta. engole o tempo, a via, a lembrança, a voz, a lágrima, a distância. As pálpebras vivem e secam os olhos do excesso e umedecem o que já dizia: fios de sangue traçam o foco e se isolam, como leves traças desenhando a fome que escorre e maldiz a força do corpo na hora fatal em plena e toda vida.
''A FOME
Meu Deus, até que ponto vou na miséria da necessidade: eu trocaria uma eternidade de depois da morte pela eternidade enquanto estou viva.
(Clarice Lispector)''
''Todas as horas ferem, até que a última põe um fim...''
domingo, 29 de agosto de 2010
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