''Todas as horas ferem, até que a última põe um fim...''

terça-feira, 5 de outubro de 2010

''...Meu amor, cuidado na estrada.
E quando você voltar tranque o portão,
feche as janelas, apague a luz e saiba que te amo."
*

*
o tempo não me deixa desculpas
é uma voz rouca, uma tentativa calada,
como o vento que bagunça: mas é ordem natural e já não condena...

tu, que me dói como uma ferida que precisa abrir a pele pra sentir o calor,
o sangue quente pelo seu denso, e como é bonito o rubro em seu gosto.

como é realizar um dia sem viver, porque o ser avoluma tudo
desde nuvens em intemperismos e olhos em curvarem o mundo
numa lágrima, numa paisagem

que espelhos que não decifram o que merece
que não fala da saudade mas tremita o coração vivo
não canta uma canção nos teus ouvidos tão certa
mas em todas as linhas tortas, ladrilha a verdade
na sola dos pés, que é a pura essência num corpo só,
abrindo caminhos e encurtando a fenda do mundo
no medo e no desespero de tanta beleza vir fugaz
no que esta nota e um suspiro fazem em totalidade
num pleno distanciado, o detalhe do capaz.