''Todas as horas ferem, até que a última põe um fim...''

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O gosto da aurora se reservando no crepúsculo

A sentinela das horas me fornece o compasso das lembranças:
o pulso dos sentires se revelando vivo até agora.

O momento do despertar não denomina exatamente o momento de apagar;
a forma apenas avoluma o espaço de descobrir e o que revela,
fica mais forte e exposto que um retrato (entendes?)

O puro de um momento largo sobressaltando o página,
transforma condições prontas; moradas em mim, obstinadas em você
que num encontro perscrutou vida e do que se alonga, ainda que se parta,
não desfalece - apenas desvanece o que é bruto e vão

E então assopra um além do próprio instante, e rememora
que meus pensamentos céticos moravam sob a densidade da Lua, sem lhos saber
e o desvio de um olhar os fez direção certa, e eu segui o lume.

E hoje ainda o que prospera, entre poesia e afagos idos, entre nós como pérolas
no meu pescoço, que envaidecem o pensamento e trazem a prosperidade
que vira o luxo desse silêncio de fim do dia;
intimista e pretencioso,

a quê a aurora se complete sem a necessidade,
e sim, com a vitalidade que o frasco do corpo exalou e pretende
respirar (daquele) dia-após-dia,
e sempre agora, sem(pre) depois.