''Todas as horas ferem, até que a última põe um fim...''

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Uma carta encurtando o mundo.

À Nestor Jr. e Vinicius Coelho

Não sei como nem porque eu imaginei que o tempo passaria mais devagar nestes momentos que parecem os últimos, ainda que esse tom de palavra não seja no tom derradeiro, há uma força grave na palavra que prevê o que sente porque é uma onda de dentro, afinal.
E como eu disse antes, agora está mesmo doendo um tanto, nunca um tanto relativo pelo bem que há do mesmo; afinal, essa presença é uma nova passada no espaço que há desse bem-querer que lhes guardo, mas que não competindo a dimensões de tempo, distância, peso, é tão forte que não sabe como grita, mas sabe que fala a linguagem de quem sente verdadeiramente o que já foi dito de puro, em pleno, incontestável.
E é por esse incontestável que o abraço não recebe tudo, que a lágrima não lastima completa, que a força não produz todo o vento, toda a capacidade, todo o movimento que sinto, desejo, prevaleço em tudo que me abarca quando falo do que nos tornamos.
Não um número, não uma matéria, não um grupo, não um sopro, mas uma verdade além da razão, que exprime de um profundo que se diz de longevidade, à mim será uma vida toda; não necessita de convívio, não necessita de presente, não necessita de necessitar ainda que deseja o gosto de cada presença no dia que brinda um café, uma nota, uma música, um tudo, que exala uma essência - palavra que por si só justifica a vida que emana dos meus dedos aqui mesmo sem ser em caligrafia (como disse antes, o meu engano desatinou as linhas do compasso exato e eu perdi-me do tempo de escrever a entrega disto tudo), mas a disposição não se cansa de me bater adentro e vir até aqui e como força, como vontade quer engolir tudo o que não soube devorar enquanto presente, mas ama tanto que transborda as vias de que se lembra pra marcar uma história vívida, muito mais que páginas. Muito mais que tudo, tanto já me surpreenderam que não me assusto em contemplar que muito do mais lindo em vocês encontrei e concentrado de uma forma que parece mentira, um sonho bonito que hoje eu sei que a gente pode devorar até em formato de pão, quando existe essa ternura em existir mesmo com todos os contrapontos, podemos aprender a bordar os contornos com cuidado e recíproca.

Seja de que natureza for, seja de que maneira soar a designar um caminho, eu não me prendi em expectativas pra saber brindar essa doçura que me agarra os órgãos, os desejos, a vida neste momento de explicar por simples capricho o que nossos caminhos graciosamente cruzados me trazem quando menciono vocês e tudo isso, que de tanta surpresa, não me arrebata quando os vejo longe, conquistando o horizonte que lhes merece o espírito. Porque a beleza e grandeza nós não sabemos aprisionar, e é com essa graça que podemos tatear e transformar o mundo, para muito além e com a sutileza que só um crepúsculo pode nos proporcionar todos os dias; vocês, leves impressões metafóricas personificadas da parte de dentro, tão dentro, que nenhuma linha, nenhuma palavra, nenhuma fronteira de caminho pode abalar e transformar tão plena quanto cabelos ao vento e certezas pelo mundo - assim que ser é fruto contínuo da saciação do maior, do mais puro, desse tudo.

Tão completo que não há verbo, pois se cansou o infinito, se cansaram as histórias e minhas linhas fracas pra terminar um ressoar de um momento, um abraço, um choro guardado de muito, muito amor, pra viver as felicitações que guardo daqui e reparto aí, onde estiverem.

"(...) De toda a vida e todo o amor humanos:
Mas tranqüila ela sabe, e eu sei tranqüilo
Que se um fica o outro parte a redimi-lo. (...)"
(Vinicius de Moraes)



Merci beaucoup.