''Todas as horas ferem, até que a última põe um fim...''

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Flores mortas

Nas minhas mãos, repletas
o tempo passando, condensando o sonho numa tristeza amarga
-poxa vida, meu amor...
se na dor surge a vontade de transformar, caramba, pra quê mais?
(monólogo do meu eu pra nenhum outro ser - sem ser eu)

O sol se espalhou pela sala e acordou meu olhos para o tempo
e começou a dedilhar a vida nos seus ponteiros e nos acontecimentos pra me fazer cíclica:
palavras e ressoamentos e uma lágrima junto do sorriso, do mais profundo
o banho e o café e a companhia, tão linda (eu ainda escreverei bastante sobre você,
mas agora sinto que és de olhos que te descrever pra eu contemplar e fechar meus olhos e sentir bem)

E vendo o céu que surgiu límpido
demonstrando seu passado na sua extensão,
o apagou o contorno das nuvens, fez chover a pouco
e agora é límpido, é o depois.*
(Me fez pensar assim que gotas de chuva
são flores transparentes e efêmeras:
brotam do céu e secam no chão)

Vertem mais sorrisos e inesquecíveis frutos de um tempo estranho
de uma primavera que prefereria eu que não viesse a florescer pra mostrar meus dentes amarelos num sorriso de choro.
O frio se estende bem mais do que nos poros
e as mãos geladas tecem o meu fio mais longo
das veias, dos nervos, do tempo, dos versos,
do meu apego... indo até os traços do teu nome, dos teus olhos,
a partitura da música que escolho: o meu começo e o meu fim.

As estrelas estão brilhando no céu.
E o quê volta?*

Muitas flores nas minhas mãos,
a vontade das plantas e do florescer no meu quarto
de novo uma alternativa muda pra falar do que eu estou dizendo
eu não aguento mais esse silencio curtindo o compasso do meu coração
ardendo lento e morto
nessas flores que não vieram com o tempo
e devorar a língua da minha razão
eu parto em poesia dizendo absurdos que são meus e não de poeta
que são meus e nao de eu e você
que são meus
e não de flores
e não do dia;
a morte precoce percorre bem vívida.

saudades